Por Isabelle Restel
“Marcelo tocava guitarra, jogava futebol e estudava engenharia agrônoma. Aos vinte anos sofreu um acidente que o deixou paralítico. Feliz Ano Velho repensa sua vida.
Dizer que é um relato de vida comovente é fazer uma pacto com o lugar comum. Mas e daí? Lugar comum também não pode ser uma imagem que bate fundo no coração de todos, que pega, pela emoção, cada um de nós?
Que é comum a todos? Coisas da vida, da morte, do amor, quando narradas sem pieguice, são comoventes. Sem embargo do lugar comum.”
Escrito em 1982, a autobiografia de Marcelo Rubens Paiva se tornou um dos romances mais lidos da década. Em seu livro Paiva relata a comovente história de um rapaz que, aos 20 anos, sofre um grave acidente que o deixa tetraplégico após quebrar a quinta vértebra cervical por causa de um mergulho mal sucedido em um lago de meio metro. A partir daí ele conta como foram seus dias nos hospitais, as visitas que recebera de amigos (e quantos amigos), fala sobre assassinato de seu pai pela ditadura militar e sobre algumas aventuras que vivera até ali...
O texto de Paiva é simplesmente delicioso, ele o escreveu com muita firmeza e sinceridade sem dar uma de pobre coitado. Expressando de forma leve e verdadeira suas amarguras, inseguranças e medos, sem ser dramático. Paiva conseguiu inserir elementos críticos sobre as pessoas, comportamentos, bom humor e sensualidade na sua trágica história de vida.
Trecho: “[...]Meu futuro é uma quantidade infinita de incertezas. Não sei como vou estar fisicamente, não sei como irei ganhar a vida e não estou a fim de passar nenhuma lição. Não quero que as pessoas me encarem como um rapaz que apesar de tudo transmite muita força. Não sou modelo pra nada. Não sou herói, sou apenas vítima do destino, dentre milhões de destinos que nós não escolhemos. Aconteceu comigo. Injustamente, mas aconteceu. É foda, mas que jeito[...]”.
‘Feliz Ano Velho’ é bem mais do que uma história de superação.
Beijos!
FELIZ ANO VELHO
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