O amar pode acabar sem deixar de ser amor?

Afinal, estou sendo fiel a quem, a qual setimento?

Tento me convencer ter um sentimento que eu
queria acreditar ainda o ter, mesmo
não sentindo-o com a mesma intensidade
inicial.

Me parece trair a mim mesma acreditar
que o amor tenha acabado, pois dizem
os grandes, dizem os pequenos, dizem
todos que o amor é infinito, que é
eterno, que acontece apenas uma vez na
vida e é único.

Como me convencer agora que depois de tanto
tempo amando, o que eu senti não era então amor?

Sinto como estar me traindo e traindo tudo
que eu já senti e fiz acreditar, pois não sinto
mais além de lembranças que agora não
me são suficientes para dizer que ainda é
o mesmo amor de amar.

Não duvido que amei, e deixar agora de amar
é como arriscar e me deparar com a derrota
de não conseguir manter o amor, me deparar
com o fracasso de não saber controlar meu sentimento.

Estou deixando o partir, ou partirá sem pedir
que eu o deixe ir?

Ainda que insistir em ressuscita-lo não me faça
o bem que um dia fez, como posso viver com
a ilusão que amarei com o mesmo amor que
antes fora?

Se não foi amor, que por tanto tempo acreditei
ser, se tudo que passei, senti e desejei não foi amor,
se não querendo me desmentir perco então agora
a oportunidade de amar abrindo mão desse sentimento?

Será de fato que me arriscaria a amar então e encontrar
um grande amor que me faça ver que meu
todo estava errado, que enganei a mim mesma,
que tudo que acreditei sentir não era o tão falado
amor filosofado?

Que esse tempo que me foi vivido,
pode ser ainda recuperado em um amor
verdadeiro e tão mais intenso do que pensei
ter um dia encontrado?

Talvez seja certo, e fato, crer que
há dentre o amor várias formas de amar,
que há de existir o amor eterno
dentro daquele tempo que foi necessário.

Então que eu ame o que amei, que ame o que senti,
que ame quem amei, mesmo que não seja o mesmo amar,
será sempre amor.


Que seja eterno enquanto dure
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